Yoga e Meditação

A busca espiritual é uma necessidade do homem e o Yoga e a meditação são ferramentas nessa jornada.

O caminho à transcendência demanda rigorosa disciplina e autocontrole. Para isso, precisamos de um nível de autoconsciência que só atingimos quando temos domínio de nossos corpos (Yoga) e mentes (meditação).

Essa viagem espiritual pode vir a falhar se ficarmos presos a coisas terrenas e se deixarmos nossos corpos de lado.Yoga e Meditação

Yoga – Iniciando pelo Corpo

Para meditar é necessário começar pelo corpo, este veículo do espírito (EU). Quando não controlamos nosso corpo, somos dominados pelos nossos desejos e impedidos de praticar a verdadeira meditação.

O corpo não pode ser ignorado: um corpo lento leva a uma mente semelhante; assim como um corpo distraído leva a uma mente desesperada.

Ademais, a falta de uma consciência corporal mais desenvolvida leva-nos a desviar nossa atenção sobre nós mesmos por qualquer distração (um mosquito, uma dor de estômago, uma coriza).

O Yoga Sutra de Patanjali, o clássico da sabedoria da meditação, não inicia com o esotérico, mas com as sensações comuns.

“Escolha um lugar”, diz Patanjali, “livre de insetos, barulhos, cheiros desagradáveis e estenda um tapete para sentar-se. A escolha do horário também é importante, antes do nascer do sol ou depois que ele se puser”.

Para meditarmos, é importante termos uma boa postura corporal, além de uma consciência do interior de todos os poros do corpo. Portanto, é correto afirmar que a meditação inicia com o corpo.

Ademais, a prática dos asanas do Yoga, que utilizam o corpo como âncora, também pode ser considerada uma atividade meditativa.

A Importância do Yoga para a Meditação

Os asanas e pranayamas do Yoga não são importantes simplesmente pelos benefícios para a saúde corporal e mental; eles também são veículos na ação meditativa.

A prática de Yoga introspectiva e consciente promove a sinergia corpo-mente, resultando na ativação energética sem exaustão.

Seja numa prática dinâmica ou estática, com muita ou pouca permanência, devemos sempre manter a consciência corporal e a boa postura. O estado de meditação só é alcançado ao mantermos a firmeza e estabilidade posturais, com a coluna alongada e alinhada.

A coluna ereta produz a intensidade espiritual de concentração, queimando os pensamentos que remoem sobre o passado e o futuro, deixando apenas o momento presente. A coluna ascendente também permite que a mente descenda e dissolva-se na consciência do coração, morada do nosso verdadeiro Eu. Desse modo, o corpo todo se afasta da ignorância do ser e passa para o estado de alerta espiritual.Yoga e Meditação

Meditação – A Força Purificadora

A meditação não torna a mente entorpecida. Na realidade, no estado meditativo, a mente está parada mas afiada, silenciosa mas vibrante com a energia.

A meditação yóguica não é sem conteúdo, tampouco é um mero esvaziamento de mente. Em outras palavras, sua prática pode promover o silenciamento do intelecto da mente, mas, em contrapartida, libera o intelecto do coração. E o conteúdo trivial dos nossos próprios pensamentos só é necessário, quando nosso coração está bloqueado para o infinito.

Em conclusão, a meditação é uma experiência subjetiva interna necessária, ou seja, não dá para descrever com palavras porque sempre cai na breve realidade. Vou usar um exemplo banal: Na descrição de como provar uma manga o sabor será sempre igual ao deleite da primeira mordida que esta deliciosa fruta dá. Então também com a meditação a certa e segura técnica pode ser dada, o estado da mente pode ser descrito, mas o sabor da fruta só é concedido para aquele que testa e vê que o Divino é a doçura.

Texto de B.K.S. Iyengar

Adaptado pela equipe IYTA Brasil

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