Neste 4º post da Série “Chakras”, apresentamos o Anahata, nosso quarto chakra. Ele está localizado na altura da 3ª vértebra torácica e rege todo o plexo cardíaco. Ademais, está associado ao timo, além de reger o sentido do tato. Além disso, seu Bija Mantra é o YAM e seu elemento é o Ar.
Forma Yantra do Anahata
Conforme observamos na imagem acima, o Yantra do Anahata possui em seu centro um hexagrama verde-acinzentado, circundado por doze pétalas escarlates.
O hexagrama é composto de dois triângulos sobrepostos:
- Um, voltado para cima, simboliza Shiva, o principio masculino;
- O outro, voltado para baixo, simboliza Shakti, o principio feminino.
Atinge-se o equilíbrio quando estas duas forças estão unidas em harmonia.
A seguir, a partir do círculo, há doze pétalas vermelhas de lótus. Elas representam a expansão da energia nas doze direções, e o seu fluxo, nas doze fontes. Isso significa que a compreensão da pessoa do quarto chakra não é linear (como no primeiro chakra), nem circular (como no segundo) ou triangular (como no terceiro). Na realidade, o quarto chakra expande-se em todas as direções e dimensões, assim como uma estrela de seis pontas.
Para concluir, o chakra cardíaco é o local do equilíbrio dentro do corpo, movendo-se em direção a um fluxo energético uniforme, tanto nas direções ascendentes, como nas descendentes. Portanto, a pessoa que atinge a consciência do quarto chakra consegue o equilíbrio sutil do corpo e da psique.
Elemento Ar
A estrela de seis pontas também simboliza o elemento ar.
O ar é prana, a respiração vital. Ele auxilia o funcionamento dos pulmões e do coração, fornecendo oxigênio fresco e força vital, isto é, a energia prânica. O coração e a respiração desempenham papéis vitais no Chakra Anahata, porque o coração é o local de sensação mais importante no corpo, e quando se consegue o controle sobre o próprio padrão respiratório, o ritmo cardíaco fica simultaneamente regularizado.
Finalmente, o ar é também responsável pelo movimento. E, não por acaso, o quarto chakra possui movimento em todas as direções.
Deidades do Yantra Anahata
Ishana Shiva
Ishana Shiva possui uma pele azul-canforado e usa uma pele de tigre, simbolizando o tigre da mente que habita a floresta dos desejos. Ele segura um tridente em sua mão direita e um tambor damaru na esquerda. O Ganga (Ganges) sagrado flui a partir de seus cabelos, como uma corrente refrescante e purificadora de autoconhecimento: o conhecimento de “Eu sou Isso” (Aham Brahmasmi, “Eu sou Brahman”). Já as cobras enroladas em seu corpo são as paixões, que ele domou.
Esta deidade representa a natureza das pessoas do quarto chakra, que é caracterizada pela felicidade perpétua. Sua natureza é pacífica, beneficente e para sempre jovem, pois o envelhecimento, aspecto do terceiro chakra, foi ultrapassado.
Ishana Shiva é inteiramente separado do mundo. Não há mais qualquer motivo para ligações com os prazeres, honras ou humilhações mundanos. Os desejos não são mais problemas, pois a energia do quarto chakra está equilibrada nas seis direções. A pessoa com o esclarecimento do quarto chakra vive em harmonia com os mundos exterior e interior.
Shakti Kakini
Shakti Kakini penetra todo o quarto chakra, assim como o ar penetra todos os lugares, e fornece energia para todo o corpo através das freqüências emocionais de bhakti (devoção). Ela simboliza a energia no quarto chakra, que é autogeradora e auto-emanadora.
Aparência
Shakti Kakini é uma deidade com quatro cabeças, decoradas com ornamentos, e de pele rosada (segundo o Mahanirvana Tantra é amarelo-dourada). Ela veste um sari azul-celeste e está sentada sobre um lótus rosa.
Suas quatro cabeças são igualmente equilibradas, com a energia fluindo para os quatro aspectos do ser, isto é, o físico, o racional, o sensual e o emocional. Além disso, estas também representam o aumento de energia no plano do quarto chakra.
Enquanto isso, em suas quatro mãos, Shakti Kakini segura os instrumentos necessários para obter-se o equilíbrio:
- A espada, que fornece o meio de cortar os obstáculos que bloqueam o fluxo ascendente da energia;
- O escudo, que protege o aspirante das condições mundanas exteriores;
- O crânio, que indica o afastamento de uma falsa identificação com o corpo, e;
- O tridente, que simboliza o equilíbrio das três forças: de preservação, criação e destruição.
Outras características
Esta deidade tem o humor alegre e enaltecido – sendo representada como se estivesse “voltada para a lua” (chandramukhi) – e é responsável pela criação da poesia e das belas artes, baseadas em um nível refinado e visionário. Isso porque Shakti Kakini é sincronizada com o ritmo do coração e, desta forma, com o ritmo do cosmos, ou seja, a arte centrada no quarto chakra existe além do passado, presente e futuro. Em outras palavras, o esclarecimento deste chakra capacita o aspirante a transcender a falsa consciência do tempo das pessoas dos chakras inferiores. Conclui-se então que os produtos artísticos inspirados pelos chakras inferiores são incapazes de levar a mente humana para os reinos elevados da consciência e, pelo contrário, servirão somente para distração.
Shakti Kundalini
Shakti Kundalini é serena e centrada em si mesma. Ela é a mãe virgem, sinônimo de Shakti e símbolo da devoção espiritual abnegada.
É no chakra cardíaco que Shakti Kundalini aparece, pela primeira vez, como uma bela deusa, vestida com um sari branco. Ela senta-se na postura de lótus, dentro de um triângulo, que está apontando para cima, revelando a tendência de Shakti de mover-se de modo ascendente, levando o aspirante para os planos mais elevados de existência. Inclusive, Shakti Kundalini, simbolizando a devoção, ajuda Shakti Kakini neste movimento energético.
É importante observar que ela não é mais uma fera serpentina destruidora, como tipificada pelo primeiro chakra. Agora, como uma deidade, pode haver comunicação com ela, ou seja, com a energia que ascende. Tampouco está enrolada em torno do lingam, estando, dessa vez, sentada de maneira independente em uma postura do yoga que personifica o anahata nada, o som cósmico. Este som começa no coração como AUM, que é a semente de todos os sons, e está presente em toda a parte, sendo conhecido como “barulho branco”.
Concluindo, Shakti Kundalini é a grande representação do plano de santidade dentro deste chakra, que traz a percepção da graça divina em toda a existência.
Shiva no Lingam
O quarto chakra contém um lingam pelo qual Rudra Shiva aparece como Sadashiva (sada: “eterno”; shiva: “benfeitor”). É Shabda Brahma, o Logos eterno, o som cósmico intocado. Como tal, ele é Omkara, a combinação dos três gunas – sattva, rajas e tamas – que são representados pelos sons A, U e M, respectivamente, formando a sílaba sagrada AUM, ou OM. Ele segura um tridente, que também simboliza os três gunas. Sua pele é azul-canforado, e ele veste uma pele de tigre dourada. Já o tambor damaru, que ele segura na outra mão, mantém o ritmo do batimento cardíaco.
Este shivalingam é o segundo lingam do corpo, conhecido como Lingam Bana (flecha),enquanto o primeiro é o Lingam Svayambhu do primeiro chakra, em torno do qual está enroscada a serpente Kundalini. O lingam do quarto chakra é sinônimo de consciência, ou seja, sua força age como se fosse o instrutor da pessoa. Ele pode ser o guia, a cada passo avisando ou inspirando o aspirante ao longo do caminho do movimento ascendente da energia pelo tempo que mantiver o batimento cardíaco sob observação. Isso quer dizer que o aumento ou diminuição no ritmo serve como aviso de que existe um erro na prática.
Este lingam irradia luz dourada, sendo formado de uma massa de tecidos no centro nervoso do Chakra Anahata. Ele brilha como uma jóia no centro do chakramala (“guirlanda de chakras”, isto é, a espinha dorsal), com três chakras acima e três abaixo. Por isso, os sufis e místicos de outras tradições instruem seus discípulos a visualizarem uma luz clara no coração, quando começam a praticar a subida da força Kundalini e a entrar em estados elevados de consciência.
Gamo
O gamo corre velozmente, mudando com freqüência de direção, em caminho angular. De modo similar, a pessoa que está amando pode ter qualidades e tendências do gamo, tais como os olhos sonhadores, andar sem rumo certo e voar. Porém, quando sob controle, todas as perturbações emocionais cessam.
Respiração do Chakra do Coração – ANAHATA
De início, sentar-se em lótus, com a mão esquerda na altura do coração, palma para cima e dedos unidos e semifletidos. Então, enganchar os dedos da mão direita – também unidos e semifletidos, mas com a palma para baixo – com os da mão esquerda. como garras. Com os cotovelos retos, levantar o cotovelo esquerdo ao inspirar e abaixar o direito como uma gangorra, expirando. Inverter os lados da respiração fazendo o mesmo número de repetições para os dois lados.
Quer relembrar os posts anteriores da série “Chakras”? Siga os links: 1º Chakra – Muladhara, 2º Chakra – Svadhisthana, 3º Chakra – Manipura.