Medo da mudança, mudanças e a meditação

Medo da mudança - Arthur Shaker

Medo da mudança – Arthur Shaker Fauzi Eid

Todos nós seres humanos queremos a felicidade, e lutamos para escapar do Sofrimento. Temos projetos para nossa vida, compromissos com nossas famílias, responsabilidades no nosso trabalho, contas a pagar, sonhos a realizar. Tudo isso está dentro do mundo.

Para isso, nós fazemos a nossa parte: Planejamos nossa carreira, investimos em nossa formação, somos diligentes na dedicação aos nossos chefes, somos cuidadoso quando nos dirigimos aos nossos subordinados, zelamos pelo bem-estar da nossa família, cultivamos um corpo saudável, cuidamos da nossa mente ouvindo boas músicas e relaxando com nossos amigos e família sempre que temos um tempo livre. Quando uma dessas atividades não é realizada da forma adequada, nós sabemos que vamos enfrentar adversidades. Mas e se todas elas forem desempenhadas a contento? Será que isto é garantia para nos afastarmos dos problemas?

O mundo exige, ainda, facilidade para lidar com as mudanças. Por que? Parece que todos estão de acordo que tudo está mudando o tempo todo. A globalização redefine o mapa do mundo, dos investimentos, das megafusões. Rápido avanço tecnológico. Necessidade de atualização, informação, aprender novos métodos, novas tecnologias, estar a par de tudo.

Como reagimos a esta pressão? Aceitamos as mudanças serenamente? Se a Bolsa cai ficamos tranquilos pensando “Hum, ela vai subir daqui a um ano”?

Cada vez que uma redefinição ocorre, o modelo de vida que nós escolhemos é ameaçado. O Medo da mudança e temor da perda de emprego, de status, de rebaixamento de salário, incertezas sobre novos esquemas e relacionamentos. As inseguranças agitam e inquietam a mente humana. Ansiedade, tensão e estresse surgem. Por isso é que temos medo da mudança! Tudo o que nós acreditamos e gostamos pode se perder num instante!

Com o avanço dos recursos materiais, poderíamos esperar que o ser humano trabalhasse menos, e com isso ganharia mais tempo para sua vida pessoal. Isto está acontecendo? E as queixas das pessoas de que elas têm cada vez menos tempo para seu lazer, sua vida familiar, sua vida criativa, e que elas se sentem inseguras, solitárias, com medo de perder o emprego, de se tornarem obsoletas, sob crescente pressão das mudanças para situações desconhecidas? Porque tantas notícias sobre o aumento da depressão, infarto, divórcios, obesidade, colesterol?

Mas se o modelo de vida que nós temos não está sendo capaz de nos trazer felicidade e de nos afastar da insatisfatoriedade, qual é a alternativa? Existe algo que pode ser feito?

Há dois mil e quinhentos anos atrás, na Índia, o jovem Sidharta Gautama, que viria a se tornar o Buddha, fez a si mesmo estas mesmas perguntas. E percebeu que a resposta a estas perguntas não pode ser obtida sem uma compreensão muito clara do funcionamento da nossa mente. Esta compreensão permite fazer escolhas progressivamente mais hábeis, que criarão as condições necessárias para a obtenção de uma mente tranquila, feliz, Capaz de lidar com as diversas dimensões humanas, e atravessar com harmonia essa vida finita.

Para isto, o Buddha desenvolveu um método de treinamento mental que permite a compreensão da realidade num nível mais profundo. Este método se constitui numa prática que está ao alcance de todos os seres humanos. Seu aperfeiçoamento tem como frutos a sabedoria e a harmonia interna.

A meditação da tranquilização e do desenvolvimento da sabedoria, que chegou ao Ocidente inicialmente restrita aos grupos de interesse espiritualista, está aos poucos ganhando espaço de reconhecimento pela medicina como um dos mais respeitados recursos terapêuticos: “O que tem se visto, de acordo com as numerosas pesquisas cientificas a respeito da técnica, é que a meditação se firma cada vez mais Como uma espécie de remédio – acessível e sem efeitos colaterais – indicado para um leque já amplo de enfermidades: da depressão ao controle da dor, da artrite reumatoide aos efeitos colaterais do câncer” (Isto E, p. 70, ano 34, no. 2102. SP: Três Editorial, fev/2010).

E certamente, esta prática saudável deverá aos poucos ganhar espaço no campo também das empresas e seus funcionários, propiciando o incremento de uma qualidade de sabedoria e harmonia interna, beneficiando a todos.

Se esses benefícios já são reconhecidos no campo científico moderno, é importante frisar que a meditação da tranquilização e do desenvolvimento da sabedoria, realizada e ensinada pelo Buddha, têm um propósito que, incorporando essas melhorias psíquicas e físicas, vai para mais além disto: oferece a elevada possibilidade da total erradicação do sofrimento na mente humana, gerado pela cobiça, ódio e desilusão. Liberada a mente pela purificação, realiza-se o Nirvana, a suprema felicidade.

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